quarta-feira, 30 de junho de 2010

Desabafo sobre pseudo-intelectuais, a típica conversa de café


Numa noite em que os textos que leio são esquecidos em fracções de segundo, talvez o melhor seja estimular a minha mente algo adoecida com um pouco de escrita. Não que o tempo seja muito, mas a vontade de o fazer ultrapassa esses limites.

No outro dia, numa esplanada de café, dei por mim a pensar nas restantes pessoas que completavam aquele espaço. Diferentes aparências, motivações, diferentes bebidas que tomavam, diferentes sorrisos, diferentes olhares. Dei por mim a pensar nas inúmeras pessoas interessantes que poderiam ali se encontrar. Dei por mim a renegar os pseudo-intelectuais, aqueles indivíduos que passam horas a falar sobre meras banalidades, adornando a sua conversa com vocabulário e teorias rebuscadas, envolvendo-a num invólucro bonito, mas de conteúdo débil. Não quero ser um pseudo-intelectual. Apesar de me cativarem algumas pessoas que se encontram por alguns cafés aqui da zona, a vida de café é carregada por esta onda de cultura de bolso. Eu, por outro lado, tento apenas falar daquilo que sei e aprender coisas novas com os outros. Isto pode ser uma teoria sem qualquer sentido, mas acreditem, há muita gente assim. Como por exemplo, no final de um concerto de B Fachada em Portimão, um indivíduo (que nem conhecia bem a sua música) falou com ele sobre... não sei bem o quê. Saiam da sua boca frases como "... Lisboa é uma cidade com a qual partilho uma relação amor ódio..." ou "... as ondas criativas dos lados do Tejo...". Enfim, meras banalidades, mas que à vista desarmada parecem teorias bem profundas.

E este é um problema social grave: estamos rodeados de gente com a mania que sabe muito. Não aquele "chico-expertismo" montanheiro, que existe desde sempre, mas sim aquele pseudo-intelectualismo que lhes confere um aparente status quo elevado. Eu confesso, não sei muita coisa sobre muita coisa. Não sou um grande leitor ou apreciador de "boa" arte e escultura. Também não costumo ir a muitas peças de teatro, nem costumo ver sempre a RTP 2. Domino alguns temas, outros evito fingir que sei. Apesar de, à vista desarmada, este blog parecer obra de um pseudo-intelectual, a verdade é que tudo o que aqui escrevo é fruto daquilo que sinto e sei, e com isso não pretendo agradar a todos ou provar que tenho um intelecto avançado. Há que acabar com o pseudo-intelectualismo e elevar os verdadeiros intelectuais da nossa praça, que andam por aí esquecidos e não se deixam ver.

Gostava de ser um intelectual, mas até lá faço por ser uma pessoa normal. (e assim completo 30 posts no mês de Junho).

domingo, 27 de junho de 2010

Começou a época tramada

Por manifesta falta de tempo não tenho escrito aqui nada. Espero ter algum nos próximos dias para escrever qualquer coisa.

Entretanto deixo uma recomendação. Não tanto uma referência para mim, este músico tem sido a minha companhia nas tardes de estudo que tenho tido. Gill Scott-Heron, possivelmente o maior músico e poeta afro-americano de sempre. A soul, jazz e hip-hop misturados com letras de protesto social. Muito bom.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O músico da moda, contra a moda

Bernardo Fachada, conhecido no mundo da música por B Fachada, é sem dúvida um músico peculiar. Apareceu na altura certa, no lugar certo. Não tem uma grande voz nem domina a técnica da guitarra de forma brilhante. Nestes dois aspectos temos algo em comum. B Fachada é altamente influenciado pela música tradicional portuguesa, tanto nas letras como nas melodias. Sendo um trovador por excelência, em cada concerto são contadas histórias de amor e desamor. Este é outro aspecto que aprecio nele, e que um dia pretendo atingir.

Já tive o prazer de falar com ele por duas vezes, no final de 2 concertos que fui assistir, e acredito que mais oportunidades virão. Retirando alguns pontos na sua pessoa, como a aparência e algumas ideologias, este é possivelmente o protótipo de cantautor que sinto que tenho capacidade de atingir: simples e criativo.

(não há vídeos com qualidade ao vivo, por isso vai este):

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ascensão-Queda


É impressionante a capacidade que algumas pessoas têm de colocar uma máscara, transmitindo àqueles que as rodeiam uma aparente sensação de segurança e calma. No seu íntimo, o colapso encontra-se iminente. Todas estas minhas teorias são apenas especulativas, no entanto acredito que esta possa ser a realidade de muita gente que por aí anda.

A minha ideia passa então por criar uma trama, seguindo esta complexa panóplia de emoções. A temática da ascensão-queda, da dualidade, é de facto extremamente interessante. Saber que uma pessoa pode escolher a face da moeda que deseja, dependendo do momento em que se encontra, leva-me a pensar em algumas situações. Atenção que não estou a falar de pessoas que padeçam de algum problema psicológico. A pessoa está ciente da sua condição, do seu estado depressivo, mas no entanto a sua vida profissional e social impõe que esta arranje uma máscara para os seus problemas (isto é especulação, e pode dar lugar a muito debate). O exemplo que mais me salta à vista é a de um actor/actriz, que para o grande público vive uma vida louca de sucesso, no entanto no seu íntimo a depressão impera. Esta é, possivelmente, a história mais banal do mundo do espectáculo, no entanto difícil de descrever de forma interessante.

E é um pouco por aí que entra a minha ideia. Imaginei uma bailarina clássica, que nos palcos deslumbra e apaixona todos aqueles que a observam. Em palco, ela é a mulher bela, segura de si e confiante. Por detrás do pano, esta é uma simples mulher carregada de problemas. Mais uma vez a dualidade como principal temática. A ideia será dividir esta "história" em três músicas.

Isto de apresentar as minhas ideias pode tornar-se relativamente desinteressante para quem as lê e ainda pouco viu. Para quando o resultado final? Não sei, por enquanto não mostro ter muita pressa, apesar da enorme ansiedade que sinto em começar a tocar as minhas músicas. Mais uma vez, a dualidade.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Baile, ou a história de um amor não amado

No outro dia fiquei muito satisfeito com os comentários positivos que recebi desta música. Num grupo de amigos com alguns copos à mistura, a música surgiu e as reacções foram muito boas. Quando o feedback é positivo dá gosto continuar a fazer música. Bom, mas vou deixar de massajar o meu ego e falar da música em si, que é o que interessa.

A trama desenrola-se possivelmente numa qualquer aldeia ou vila. Nestas localidades é normal as pessoas conhecerem-se todas, e comentarem a vida uns dos outros. O sujeito poético encontra-se apaixonado por uma bela rapariga que vive nessa mesma aldeia (possivelmente a única). No entanto este facto não passa despercebido à restante população, chegando aos ouvidos do rapaz críticas quanto a este relacionamento.

"O Baile" é a típica história do amor rural, que em teoria é puro, inocente e verdadeiro. A letra é também uma crítica à inveja e coscuvilhice das pessoas, que é normal seja numa aldeia, vila ou bairro de uma cidade. A letra demorou algum tempo a ser escrita. A ideia estava decidida, mas as palavras certas faltavam. A melodia foi feita muito antes. Esta foi pensada exactamente com a mesma base, tentando ser alegre, exaltando este amor inocente.

Quem ouviu gostou, e espero um dia voltar a tocar "O Baile" para mais pessoal.

O Baile

Hoje não te vi passar
Á porta do restaurante
Uma amante, digo eu de ti
Se me perguntam quem tu és

Dona Antónia questiona,
Quais as tuas intenções.
Nem eu sei se os corações
Já se encontraram no passado
Numa dança de Verão,
de passos presos e desencontrados.

Mas eu tenho a certeza
que existe algo aqui.
Pois se Platão não manda em nós,
quem mandará?
Será o destino, ou a sorte,
que um dia nos vai dizer,
que ficamos juntos até morrer.

Dona Ivone sempre disse
Que eu cá sou bom rapaz.
Serei capaz de conquistar
esses teus olhos cor da terra?

Ti Maria diz que és devassa,
Delinquente, cabra, puta.
Que luta esta em que me meti?
A tua beleza vai-me ofuscando,
inveja a mente do povo alheio,
e tu sabes disso...

Hoje há baile na praceta
E apareces produzida.
Sob um olhar desconfiado
O nosso beijo foi trocado.


31/05/2010

Bom, é mesmo hora de escrever uma letra sobre isto


Parece que, por mais que não queira, o tema vem ter comigo. Falar dos podres da sociedade e do quão mesquinha é a raça humana pode dar um bom tema para um letra. Por acaso já tinha uma ideia para isto e uma melodia feita. Pode ser que consiga escrever alguma coisa.

Mas porque é que mais uma vez digo que este tema me vem parar às mãos? Muito por culpa de um filme que vi ontem, possivelmente um dos filmes mais geniais que vi até agora. Eu sabia que já devia ter visto "Dogville" do dinamarquês Lars Von Trier há muito mais tempo, mas parece que este escolheu a altura certa para deixar ser visto. A sociedade invejosa, cruel, hipócrita, vaidosa e conformista é retratada no filme, usando como pano de fundo uma pequena cidade e os seus habitantes. Não sou crítico de cinema, portanto não serei capaz de fazer uma análise exaustiva à obra. Posso apenas dizer que é um filme diferente de tudo o que já vi, pesado e cruel pela mensagem que carrega. No fundo, genial. Só mesmo vendo é que dá para perceber isto.

Vou mesmo escrever uma letra sobre este tema. Há uma música de Chico Buarque, chamada "Geni e o Zepelim", que está curiosamente relacionada com a história do filme (as coisas que se aprendem com a Wikipédia, não é fantástico?). Mas pronto, já a ouvi e posso confirmar a informação. Acima de tudo vejam o filme.

domingo, 20 de junho de 2010

A música perfeita

Aí há uns dias publiquei um poema meu que terminava sempre em palavras esdrúxulas, baseado no estilo de escrita do poema "Construção" de Chico Buarque.
Este é possivelmente o protótipo de uma música perfeita. Letra fantástica de mensagem directa, e melodia que encaixa na perfeição. Só podia vir de um génio.
Ainda ando a descobrir muita coisa de Chico Buarque, mas posso afirmar que o sinónimo de tocar no céu, em música, é chegar ao patamar deste senhor.

A "homenagem"

No seguimento do post anterior, fica a foto de uma loja de sapatos, aqui em Faro. Tirem as vossas conclusões.

E depois disto, espero nunca mais usar este blog para crítica social. (Agora que penso mais nesta foto, não consigo ter uma opinião formada).

sábado, 19 de junho de 2010

O cinismo de um povo


Este blog não tem como finalidade a crítica político-social. No entanto, e devido a um acontecimento que marcou o dia de hoje, não podia deixar de comentar. Não pretendo alongar-me.

O dia de hoje será recordado como o dia em que José Saramago nos deixou. Para muitos um génio da literatura. Provavelmente, o escritor português mais conhecido em todo o Mundo. Correcção, talvez um dos portugueses mais famosos de todo o Mundo. E esse reconhecimento é totalmente merecido. Amado por uns, odiado por outros, Saramago sempre causou choque. Criticou o país, a política, a religião.

Confesso que fiquei chocado pela sua morte. Não por apreciar a sua obra, mas pela figura "mítica" que este representa. Nunca fui apreciador da sua escrita, do seu carácter e das suas ideologias, e não é com a morte dele que vou alterar estas minhas convicções. Além do mais não apoio a ideologia política que este defendia. Resumindo, não vou ser cínico ao ponto de começar a comprar as suas obras, começar a lê-las de forma compulsiva, como muito provavelmente a maioria dos portugueses irá fazer.

E é esta a situação mais problemática desta minha crítica. O povo português espera a morte para que seja feito o reconhecimento. Óbvio que José Saramago foi reconhecido em vida de forma meritória. Mas o típico português, como se costuma dizer na gíria, esteve-se a cagar para isso. No entanto, com a fatalidade de hoje, quantos não irão mudar de ideias, e venerar a obra do génio? E isto não se passa só no caso de José Saramago. Há cerca de um ano atrás, e num contexto muito, mas muito mais global, a morte de Michael Jackson despertou a mesma onda de cinismo pela população. O povo português padece desta grave doença, de apenas se lembrar das figuras maiores da nossa sociedade quando estas já não estão entre nós. O povo português até é capaz de venerar aquilo que não deveria ser venerado, como quando há uns anos António Oliveira Salazar foi considerado o maior português da história (esta uma situação não tão ligada ao tema do dia, mas que mostra o grau de estupidez que paira sobre este povo).

O problema é que eu também sou parte deste povo. Pelo sangue que partilho e não pelas ideologias. E assim como eu muitos pensam de igual forma. Mas como é óbvio, nada pode ser feito para mudar esta ideologia de cinismo. Este assunto é debatido por toda a gente sempre nestas alturas, e continuará, infelizmente, a perturbar-me por muitos e muitos anos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A lenda

Neil Young é um dos meus músicos favoritos. Não arranjo neste momento muitas palavras para o descrever. Dizer apenas que este é a referência máxima de grandes bandas que gosto, e obviamente uma referência para mim. A sua música, parecendo simples a nível melódico, acarreta uma complexidade de emoções que poucos músicos conseguem carregar.
Já tive o prazer de o ver ao vivo, num contexto mais rock, que também costuma ser habitual nele. Acredito que nunca mais vou ter a oportunidade de o ver.
Fica então um vídeo de uma música que há uns anos não parava de tocar na guitarra.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mais um texto sobre amor

É a escrita mais fácil. E quando costumava "fritar" com este tema, escrevia muita coisa. Hoje em dia sinto-me bem por não escrever tanto sobre o amor, num contexto decadente e pessoal (como já escrevi no post anterior, ando a corrigir esta situação).
Textos "alegres" não me costumam dar muito prazer escrever. No entanto não sou uma pessoa triste, sinto-me bem com a vida, tirando uma ou outra situação que gostava de alterar em relação à minha maneira de ser. Adiante.
Não sei quando é que escrevi este texto, mas talvez já tenha um ano. Aborda mais uma vez o conceito de dualidade. Esta é a mística do amor, a dualidade (escrevi eu num texto há algum tempo). Este texto pode parecer um pouco decadente, mas creio que chega a ser irónico e despreocupado, pois a vida é assim mesmo.

Os olhos dela brilham quando a luz falta.
E o meu coração enche-se de dor.
A perda ultrapassa o amor que sinto,
Pois saber que Platão comanda este jogo,
É lutar por uma causa perdida.

Mas estas são as mais interessantes das batalhas,
Pois o desfecho, apesar de certo, dá gozo imaginar
E saber que a cada dia nos ultrapassamos
E nos tornamos no expoente máximo da estupidez humana
Também chamada de sonho.
(1:31)

P.S. Acho que hoje em dia não escreveria isto...


Trabalho de casa: arranjar uma máscara

A hora já vai avançada. No entanto a vontade de escrever permanece, portanto antes de dormir, nada melhor que um pouco de texto não muito trabalhado para abençoar a minha noite de sono.
Tenho três letras para escrever para três melodias que tenho feitas. Aliás, tenho quatro letras e meia para escrever, para cinco melodias. Não creio que seja um trabalho muito difícil. No entanto, o mais difícil é mesmo arranjar um tema interessante.
Esse é o maior trabalho, tentar variar o tema. Gosto de sentir que as letras que escrevo não estão directamente relacionadas com as minhas vivências. Porque quando escrevo algo que realmente sinto, um verdadeiro desabafo sobre os meus problemas, normalmente o poema sai uma coisa meio estranha. Não um poema mau, mas estranho. Estranho porque em poucas frases exponho todas as minhas fragilidades, desamores e defeitos. Sim, porque, a meu ver, é sempre mais fácil escrever sobre os nossos problemas do que sobre as coisas boas que nos acontecem.
O escolher um tema diferente, uma realidade diferente, constitui um desafio muito interessante. É verdade que temas como amor e solidão estão presentes, ou não seriam estas as duas constantes contrárias da vida. A abordagem a estes dois temas é que deve ser diferente, impessoal e trabalhada. Queria escrever uma letra com um tema de intervenção política mas não consigo. Ainda acho que existem limites para isto do escrever de forma impessoal.
Portanto, o quadro é o seguinte: escrever algumas letras, sobre temas diferentes, tentando ser o mais impessoal possível. Pode ser que durante esta semana entre as aulas, o estudo e os jogos do Mundial consiga escrever alguma coisa.

domingo, 13 de junho de 2010

O poeta em todo o seu esplendor

Num país em que são muitos aqueles que renegam a música portuguesa, existem nomes que são obrigatórios conhecerem-se minimamente. Um deles é o de Sérgio Godinho.
Não sou um conhecedor de toda a sua obra. No entanto, daquilo que conheço, são muitas as lições que de lá tiro. Deste as letras às melodias, Sérgio Godinho é um compositor fantástico, e além disso, um "animal de palco". Para mim, chegar ao seu patamar é atingir o topo. Isto porque ser músico não é só ter técnica e criatividade musical. Um músico deve saber contar uma história, transmitir uma mensagem da melhor forma possível, e nisso Sérgio Godinho é perfeito.
Costumo dizer, em conversa com amigos, que as melhores músicas nascem em tempos difíceis. Numa ditadura são inúmeras as condicionantes para quem quer escrever. Dar a volta através de metáforas constitui um desafio que, quando superado, origina sempre grandes músicas. Sérgio Godinho é exemplo disso. As suas ideologias políticas e mensagens são exaltadas de forma subtil em muitas das suas músicas.
Não só de mensagem política vive a música de Sérgio Godinho. Esta música é, possivelmente, das minhas músicas favoritas. A vida, tal e qual como ela é. "Dias Úteis"

"Areia Branca"

O amor é possivelmente o tema de 95% de todas as letras alguma vez escritas para músicas. O amor não tem de ser obrigatoriamente sinónimo de relação entre indivíduos, pode também ser o amor para com entidades, objectos, grupos, sentimentos, estados de espírito, espaços, etc. Seria impossível escrever algo sobre amor que o descrevesse na sua totalidade, portanto vou parar por aqui.
A letra seguinte é uma letra de amor, como se diz na gíria, "pura e dura". Uma qualquer sereia é a entidade que o sujeito poético deseja ardentemente, sentido porém que esse pode ser um desejo muito difícil de realizar (o drama de qualquer homem). No entanto esta sereia habita num mundo que a vai destruindo a pouco e pouco. Um tema banalíssimo, mas creio que o poema ficou interessante. Não está pensada nenhuma melodia para esta letra. Dizer ainda que esta letra foi escrita com base numa foto de uma conhecida actriz do nosso panorama nacional.


Areia Branca

Um olhar arrasador, sensual
Numa qualquer manhã de Inverno
Numa qualquer praia de branco areal,
E um qualquer comum mortal
Que anseia por teus lábios beijar.

Não serás tu uma sereia de Homero?
A areia que envolve os teus cabelos claros
Dá-lhes raros contornos de beleza.
Um carrossel de emoções, com certeza,
E eu não tenho bilhete para entrar.

Mas serás assim tão especial,
Nessa tua máscara de sensualidade efusiva?
A areia branca que te transforma
Deixa a tua mente da tua beleza cativa,
Tal como a pedra ardente que te eleva.

Para quê um refúgio de papel,
Se podes ter tudo aquilo que desejas?
Um oceano imenso para nadares, sereia.
Mas na areia te deitas, e eu espero que vejas
Que esta te está a sufocar.

21/07/2009

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Níveis de criatividade: zero

Já ando aqui há largos minutos a tentar escrever um post sobre qualquer coisa, mas falta-me tema. Por vezes isto acontece, e quando acontece é horrível.
Este é, a meu ver, o meu calcanhar de Aquiles. Não me considerando um bom escritor, cada momento de inspiração é vivido intensamente e com surpresa. O poema ou texto vai surgindo de forma fluida, e no final o resultado agrada-me. Em momentos em que as ideias escasseiam, são muitos os poemas que ficam incompletos, no entanto, mantendo a intenção de os finalizar.
Não será este o maior dilema de alguém que escreve? Saber que temos a nossa cabeça carregada de problemas, de ideias e temas, mas que no entanto não as conseguimos converter em palavras. Ou então simplesmente não queremos transpor os nossos problemas mais comuns para o papel, com medo que o poema seja banal. Às vezes cometo o erro de ler algo que tenha escrito há já muito tempo, e ver que quando faltam as ideias fixes e começo a escrever sobre as banalidades da minha vida, consigo resultados muito fracos. Um pouco à semelhança deste post. Sinto a necessidade de escrever algo novo aqui, no entanto sem ideias, a coisa sai pouco consistente.
Há pouco estava a pensar em lugares que nos podem, em teoria, estimular à criatividade. Um pôr-do-sol à beira mar, ou um passeio campestre, são exemplos daqueles lugares que toda a gente classifica de "fantásticos". No entanto discordo. Um exemplo: há coisa de anos passei duas semanas de férias numa casa de praia, isolado da minha rotina citadina. Foi extremamente importante para relaxar, para aproveitar a praia, para ler, entre outras actividades. Mas o que é que eu produzi a nível criativo? Nada. Talvez porque ainda não tivesse a necessidade de criar, no entanto, e em teoria, o local era ideal para tal. Vejo então que as melhores coisas que escrevi e musiquei foram feitas no meu quarto (aquele que já cortei na casaca outrora) acompanhado pelos barulhos e cheiros da cidade.
Resumindo: a inspiração vem em qualquer altura não programada, independentemente do sítio e da hora. Não vale a pena irmos de propósito ao fim da tarde para a praia à espera que algo surja. Nos sítios mais frequentados esta pode aparecer. E hoje é o exemplo de um dia em que a inspiração decidiu não bater à porta do meu quarto.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Blog que e blog tem citações

Há algumas horas atrás, deparei-me com esta frase que me marcou, numa exposição no IPJ em Faro:

"O gosto é o inimigo da criatividade" - Pablo Picasso

Logo tiro conclusões mais profundas sobre a frase, porque hoje o tempo já não é muito, as ideias não são muitas e o sono já vai chegando.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Como sempre, gosto de deixar uma referência

Este blog vai-se tornando um vício para mim. A partilha de ideias é algo extremamente interessante, mesmo que ninguém (ou quase ninguém) as venha aqui ler. Isto foi só um aparte, significa que, se tudo correr bem, ao longo dos próximos dias, posts não irão faltar.
É quase crime considerar que este senhor é uma referência para alguém, porque é praticamente impossível "copiá-lo", e quem o tenta dá-se mal. Digo apenas que este homem é possivelmente um dos melhores músicos portugueses dos últimos anos, e que vou ouvindo quase como se de uma refeição se tratasse. Portanto é normal que muitas das melodias que idealizo me façam lembrar alguma coisa de Manuel Cruz. Não tem uma boa voz nem lê muito para se inspirar naquilo que escreve (um pouco como eu creio). Portanto, e recusando copiá-lo, lá o vou ouvindo e lá me vou moldando às suas melodias.

Solidão ou a razão de uma escrita

Esta imagem é fantástica. O filme é genial...
A solidão é um tema sobre o qual gosto de escrever. O sentimento de solidão é altamente complexo. Podemos estar rodeados por inúmeras pessoas, mas nenhuma delas nos transmite algo. A solidão pode levar à obsessão, a obsessão pode levar à desilusão, a desilusão pode nos conduzir a medidas desesperadas, necessárias para a remediar. Esta é mais ou menos a temática do filme "Taxi Driver" de Martin Scorsese. Não me sinto como este personagem. de facto, e felizmente, a solidão não me costuma acompanhar durante muito tempo. No entanto gosto sempre de a procurar, porque vejo nela uma companheira importante para a meditação, para a concentração e para a criação.

"Estar só torna tudo mais fácil..." pode ser deveras uma expressão verídica. No entanto, e na minha modesta opinião, a solidão que procuramos é muito diferente daquela que nos encontra, aquela que se cola a nós de uma forma doentia (um pouco à semelhança do que aconteceu com Travis, interpretado por Robert de Niro). Esta solidão, como já referi, é capaz de nos corroer até à loucura. Por outro lado, a solidão que procuramos leva-nos a um encontro connosco, capaz de elevar as nossas capacidades inatas. E esse é um refúgio que gosto de frequentar sempre que posso.

Ponto de viragem

Decorria possivelmente o ano de 2002. Numa normal tarde depois das aulas sentei-me ao pé da aparelhagem, com os auscultadores postos, e preparei-me para ouvir um álbum de uma banda que desconhecia na altura: Massive Attack. O álbum, sei hoje, já tinha saído há quatro anos. Na altura os meus interesses musicais eram polvilhados com as mais influentes bandas de Nu Metal da altura, e com a electrónica dos Prodigy. "Massive Attack? Com um nome destes tem de ser uma banda pesada!" Nisso não falhei...

É pesada sim sr., mas o Trip-Hop tem mais que se lhe diga. Ao fim de poucos minutos da faixa "Angel", o volume dos auscultadores deixou de ser moderado. Na "Risingson" tudo disparou. Depois quando "Teardrop" começou, um pensamento surgiu: "então afinal esta música é deste gajos?". Nessa tarde fazia-se história, e a minha cultura musical começava a sofrer uma metamorfose profunda. Ouvir o álbum num sentimento de profunda descontracção fez com que fossem surgindo memórias e motivações interessantes a cada nova faixa. Hoje em dia posso ainda dizer que é o meu álbum preferido de sempre. É óbvio que existem obras-primas na musica contemporânea, as quais eu não renego. Mas "Mezzanine" foi o ponto de viragem, o caminho para a forma como hoje em dia vejo e sinto a música.

domingo, 6 de junho de 2010

"O cenário perfeito..."

O Verão é fantástico: Sol, bom tempo, praia (de dia e de noite), convívio com amigos, mulheres em biquini, concertos e discotecas in. Ainda por cima no Algarve todas estas condições são elevadas ao cubo (excepto a dos concertos, que infelizmente não há assim muitos por estas bandas). Confesso: eu adoro o Verão!
No entanto o Verão transporta um grave problema: o excessivo calor. O meu quarto tem a grande vantagem de se encontrar virado para sudoeste (ainda não experimentei comprovar isto com uma bússola, mas pelo movimento do Sol é capaz de ser verdade), ou seja, apanha Sol durante a tarde toda, o que o transforma num recinto pouco habitável nestas tardes de Verão algarvio. Quero dizer, tardes e não só, porque neste momento o calor continua (se bem que menos insuportável). As ventoinhas serão as próximas companheiras a partilharem comigo o quarto. Consequências deste clima? Primeiro que tudo torna-se difícil estudar o que quer que seja. Com os exames a chegar dentro de escassas semanas e um calor destes, a coisa é capaz de se tornar agressiva. Ainda por cima temos o Mundial de Futebol neste mesmo espaço de tempo, vai ser bonito vai. Além de tudo isto, torna-se difícil ficar no quarto e escrever o que quer que seja. Isto na teoria, porque nestes últimos dias tenho andando com ideias porreiras (faz bem por vezes fazer uma formatação a certas partições do nosso cérebro). O calor é excessivo mas nas horas de interesse a coisa suporta-se (espero que assim seja com as cadeiras de Farmacoterapia e afins...)
Outra situação que dificulta as minhas gravações musicais (e agora nada a ver com Verão) é a posição geográfica do meu quarto. A janela dá para uma avenida bem movimentada, com trânsito constante até à 00h00 pelo menos. (Neste momento, a malta do lixo vai fazendo o seu trabalho, acompanhado do som de braços mecânicos, motores e lixo a embater fortemente em latão). Acontece que muitas das gravações que faço para não me esquecer de certas melodias são sempre acompanhadas pelo ruído de uma moto ou de um qualquer carro. Bonito hein?
Assim sendo, e num post com pouco interesse, ficam apresentadas duas das principais condicionantes para a criação musical e não só, durante este Verão. No entanto, eu tenho confiança de que estas serão facilmente ultrapassadas ao som da guitarra.

sábado, 5 de junho de 2010

Mais um post de referências

É pena não haverem mais vídeos deste senhor no youtube. Depois do concerto de JP Simões cá em Faro (já não tenho ideia da data) fiquei com esta ideia na cabeça: eu tenho de ter uma banda destas! Para já é importante dizer que foi, muito provavelmente, o concerto que mais me surpreendeu e mais me marcou. Fantástica a qualidade musical de quem esteve em palco. O género musical mistura os ritmos brasileiros da bossa nova com a língua de Camões e a veia introspectiva de um músico brilhante. Uma das minhas principais influências (neste vídeo a solo):

Os dias

O nosso mundo e deveras um espaço complexo, o verdadeiro ponto central do pensamento humano. Um tema extremamente complexo para se abordar num post de um blog de relativo interesse. No entanto deixem-me arriscar a falar de uma centésima parte deste tema: o tempo.
Nós Homens organizamos o tempo de uma forma peculiar. Anos, dias, horas, minutos, etc. Num dia, por exemplo, pode acontecer uma infinidade de coisas, ou pode acontecer simplesmente nada. Apesar disto tudo, eu acho que um dia é uma divisão temporal extremamente curta. Não conseguimos explanar todas as nossas capacidades em apenas um dia. Além disso o ser humano encontra-se mecanizado para, ao fim de 12-14h, se sentir cansado e necessitar de dormir. Se os dias fossem maiores, talvez o acto de fazer directas fosse tão banal como o de ver o telejornal. Mas no reverso da medalha, um dia pode mudar o mundo, e são vários os exemplos que temos para esta situação.
O problema chave em tudo isto: a rotina. Rotinar os nosso dias com acções que podem ser boas ou más viciam a nossa identidade. No entanto, para o comum mortal, este vício é o caminho mais fácil para uma vida minimamente tranquila.
Mais ou menos nesta temática, ontem fiz uma música intitulada "Os Dias". A letra foi escrita ao sabor das ideias, espelhando uma certa dualidade naquilo que os dias e as pessoas que neles vivem podem ser. Retratos de pessoas bondosas, injustiçadas, maldosas e inseguras são pintados na letra desta música.
Não sei se com esta letra consegui retratar aquilo que queria (já disse várias vezes que não sou muito talentoso), no entanto a conjugação com a melodia ficou muito interessante. Quando tiver uma gravação com qualidade logo a partilho.
Fica então o poema:

Os Dias

Há dias que colhem as folhas do chão passageiro.
Varrem o lixo, o esquisso de um quadro banal.
Limpam destroços, guardam os esboços
Da nova rua onde passeias, e envenenas um amigo.

Há dias que beijam a tormenta da aurora que vem.
E acolhem, dão esmola, é a escola da vida do bem.
Ouvem desgostos, limpam os rostos,
lacrimejados de dor capital, social, sensitivo-anormal.

Os dias são curtos demais para aquilo que somos,
E sem que nada nos avise, vão nos corrompendo.

Há dias que combatem por causas menos racionais.
Gritam e matam inocentes por quadros efémeros.
Pintam jornais, de sangue diluído
Em ideais que primam o poder da gente mais reles que há.

Há dias que sonham com a morte da morte da vida.
E morrem de inveja daqueles que dela se esqueceram.
Embriagados de medo sujo, que afecta o seu andar
Neste planeta alugado, que é justo e cruel.

Os dias são curtos demais para aquilo que somos,
E sem que nada nos avise, vão nos corrompendo.

04/06/2010


Nova roupagem

Aquele verde não ia com nada. Assim sendo lá explorei um pouco e lá alterei o meu blog, creio que agora está mais introspectivo.

Carta de Amor em Si7m5b


O desafio parecia simples: fazer um tema original para o VIII Festival Jovem da Canção Religiosa (Diocese do Algarve). O tema da letra seria "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé." Tudo poderia ter decorrido da forma mais normal possível: fazer uma música alegre e alimentar o estereotipo de que a música jovem cristã é "pimba". Puro engano.
Em meados de Dezembro de 2009 surgiu-me uma melodia iniciada no acorde Si7m5b, uma descida simples mas bem interessante. Tudo ficou em banho-maria, até uma certa tarde de Fevereiro. Eu e o meu colega e amigo criativo Ricardo Maia trabalhamos então na música, corrigindo algumas falhas e trabalhando nas linhas melódicas de outros instrumentos. A melodia estava feita, e o orgulho destes dois pseudo-génios era tal, que a melodia ficou colada na nossa cabeça, de tanto a ouvirmos. Faltava outra peça importante: a letra.
Numa noite de Maio, poucos dias antes da data de entrega da música, eu e o Luís de Jesus, a voz principal deste tema, unimos as nossa ideias e experiências de fé. Estas foram transcritas para uma letra que também muito nos satisfez. A música estava completa. Ao baixo acompanhou-nos o nosso amigo Miguel Santos, um conhecedor da boa música cristã, e extremamente importante nas dicas finais de interpretação da música.
O resultado foi apresentado em Lagoa no passado dia 29 de Maio. Não ganhamos, nem o queríamos. A nossa música destacou-se pela diferença, sendo a única neste registo. Obviamente que estiveram a concurso grandes músicas, grandes vozes e compositores, mas o registo foi o mesmo de sempre. O nosso objectivo foi cumprido.

Esta música será tocada muitas vezes. Muitas mais virão com certeza, pois é um prazer e um orgulho trabalhar com uma equipa como esta. Um grande abraço!

P.S. Perdoem-me o toque muito sentimental, que não é muito usual em mim, mas esta música merecia.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O meu filme de referência

Voltando a falar um pouco nas minhas referências, deixo agora um curto post sobre um filme (blog sobre cinema é com o meu seguidor e amigo Pipocas Quentes), aquele que é o meu filme de eleição. Cinema é uma das minhas paixões e principais inspirações. Acredito que se consigam descobrir alguns traços da personalidade de uma pessoa através dos seus gostos, sejam musicais, cinéfilos, literários ou gastronómicos (este último muito importante).

Há algum tempo tinha dificuldade em responder à questão "Qual o teu filme favorito?". Hoje em dia essa questão é fácil de responder. Talvez um dia consiga explicar melhor o porquê de "Paris, Texas" do realizador alemão Wim Wenders ser o meu filme favorito. A conjugação de tudo no filme (argumento, banda sonora, actores, fotografia) o torna deveras especial, um road movie soberbo. A descoberta do nosso interior, a procura de uma razão de vida, o reencontro e o amor são temas centrais no filme, e também temas centrais na minha escrita.

Fica então a recomendação. O meu filme de eleição:



quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Musas Inspiradoras"

Cheguei a escrever alguns poemas com base nalgumas fotos destas modelos. Os meus parabéns a Bernardo Coelho por conseguir, numa foto, elevar exponencialmente a sensualidade feminina:

http://olhares.aeiou.pt/bernardocoelho

O Passeio

Procurei com este poema fazer uma pequena brincadeira, mantendo a métrica dos versos sempre constante, e terminar sempre os versos com uma palavra esdrúxula. Depois o objectivo foi criar uma espécie de ciclo e jogo de palavras. Esta ideia surgiu depois de ouvir pela milésima vez a música "Construção" de Chico Buarque. O poema do Chico é escrito neste padrão. É um poema fantástico. Obviamente que não o tentei copiar, porque eu nem tenho um centésimo do talento e genialidade de Chico Buarque. Tentei apenas brincar um pouco com esta "regra" que ele criou, e o resultado até ficou engraçadinho. O poema não é muito grande, e provavelmente não dará música nenhuma.
O tema do poema? Bem, eu vejo-o como um poema de amor, falando de que forma este pode subsistir até nos lugares mais estranhos. "O Passeio" é então uma jornada por esses lugares, na tentativa de explicar o inexplicável do amor.

O Passeio

Procurei-te perto do túmulo,
Nesse lugar tão belo, o túmulo.
Tão vivo, simplesmente único,
Decorado com tons de ébano.

E chegaste, em presença ávida,
Caminhando pelo chão húmido,
Decorado com tons de pálido,
Esse lugar tão belo, o túmulo.

Caminhando pelo chão pútrido,
Encontrei-te perto da árvore.
Na planície, decerto a última
Tão viva, simplesmente ávida.

Nesse lugar tão belo, o ébano,
Decorado com tons de túmulo,
Encontrei o nosso amor ético
Tão vivo, simplesmente único.

13/04/2010

Ideias soltas parte I (porque é possível que aconteça isto várias vezes)

Tenho vontade de escrever sobre algo, mas não sei sobre quê. Há pouco estava a escrever sobre dualidade, e de que forma este é um tema recorrente na minha escrita, mas o texto não me estava a sair bem. Logo o publico então mais tarde.
A título informativo, enquanto estou a escrever este texto, estou a ouvir o álbum "Clube da Esquina" do Milton. Neste momento toca a música "Clube da Esquina nº2" (é favor pesquisarem), e uma certa onda nostálgica começa a percorrer-me o corpo. Ao olhar para a imagem central do meu blog, comecei a lembrar-me de bons momentos que tive com os meus amigos em que uma guitarra esteve presente, e agora começo a perceber que foram quase todos (o que é impressionante). Se a guitarra fosse uma mulher, eu poderia muito bem ser considerado islâmico...
Mas como eu estava a dizer, a música tem uma capacidade impressionante de reunir amigos. Uma saída nocturna à praia com uma guitarra torna-se uma experiência altamente interessante. A partilha de ideias e a boa companhia são regadas pela música. E é também impressionante lembrar-me das pessoas que conheci por causa da música, algumas delas verdadeiramente talentosas. É mesmo muito difícil exprimir o valor da música na minha vida. É impressionante a quantidade de momentos que estão rotulados por uma determinada música, que sempre que a ouço é como uma viagem no tempo. Isto não acontece com toda a gente? Eu quero acreditar que sim...

E pronto, a vontade de escrever até fez com que produzisse algo interessante. Obviamente que posso aprofundar este tema muito, muito mais. Mas melhor que escrever é experimentar e sentir, e com o Verão à porta, essas saídas vão multiplicar-se. Estão todos convidados!

(neste momento toca a música "Os povos"... é sem dúvida um dos meus álbuns favoritos)

"Num murmúrio feroz e sombrio"

Este poema não está datado, mas creio que seja de Setembro de 2009. É curioso referir que este poema era para ser maior, no entanto a suposta terceira estrofe encontra-se totalmente riscada no meu caderno de ideias. Tenho ideia que o escrevi a altas horas da noite, mas até foi minimamente pensado.

Num murmúrio feroz e sombrio,
o rapaz rasga a cortina do vazio
e exalta aos céus a doce revolta
e a plenitude de um tumultuoso espaço.
À espera de um olhar penetrante,
à espera de um saber, de um último pedaço.

E com um olhar pútrido ela surge,
tão charmosa e atraente, em véu de seda carmim
qual ninfa demente, qual coisa ruim,
que assola a terra em noites de Sol quente.
A desilusão, pois pudera eu travá-la enfim,
Mas em mim ela se cola para sempre.

Algumas recomendações

De vez em quando irei sugerir uma música de alguém que é para mim referência no ramo. Os meus gostos são extremamente variados, bebendo de várias fontes para criar os meus originais. Sinto que ainda não defini um estilo de escrita e um estilo musical (talvez seja benéfico começar a pensar nisso). Deixo então um vídeo de uma música de um dos meus compositores favoritos (mais tarde, esta noite, sou capaz de escrever uma dissertação sobre qualquer coisa).