quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Voltou o processo criativo


Se ontem as palavras eram de desmotivação e de "desespero" por novas ideias, hoje o discurso é totalmente diferente. Não consigo precisar há quanto tempo tinha feito a minha última música, mas hoje a ideia surgiu. Um dia chuvoso e uns quantos passeios de carro durante a tarde contribuíram para que hoje escrevesse uma letra sobre uma cidade "suja". Vamos por partes.

A letra descreve o ambiente de uma cidade que há muito perdeu um rumo de crescimento próspero. As pessoas que nela habitam estão descrentes num bom futuro, carecem de ambição. Mas no entanto amontoam-se na cidade, entopem as suas vias horas e horas, juntam-se em multidões carregadas de stress por causa de uma rotina que a maioria repudia. Num fim de tarde, numa caminhada pelas ruas da cidade, iluminada debilmente pelos postes de luz, surge uma reflexão sobre a cidade suja, não só a sujidade física, como o lixo ou o fumo dos veículos, mas também a sujidade social, a miséria e o crime bem reais que se escondem na noite. Todas estas adversidades fazem com que cresça no sujeito poético um sentimento de revolta e de vontade de mudança. O poema ainda não está completo, faltam 3 versos para uma linha melódica final. Por essa razão ainda não o vou publicar. Apesar de a inspiração ter vindo de imagens mentais da cidade de Faro, não se trata de um poema sobre Faro, nem sobre nenhuma cidade em especial.

Ao fazer a melodia surgiram influências completamente distintas. Lembrei-me de uma transição de acordes de uma musica de Tom Waits, uma linha melódica que faz lembrar uma música do Manuel Cruz e, no global, pensei em muitas músicas do Milton Nascimento. Depois enquanto escrevia a letra lembrei-me de algumas coisas que o Adolfo Luxúria Canibal costuma usar nos seus poemas, mas numa versão muito mais soft obviamente. Também me veio à memória a imagem de Travis Bickle, personagem de Robert De Niro em Taxi Driver, vagueando pelas ruas de Nova Iorque infestadas de sujidade e crime. É estranho conseguir detectar tudo aquilo em que pensei para esta música, porque nem sempre o consigo fazer.

Hoje estava confiante que fosse surgir alguma coisa. Agora, já com umas ideias na cabeça para arranjos, é começar a gravar. Tendo em conta aquilo que tenho planeado, esta será, muito provavelmente, a música que me vai dar mais trabalho a gravar. Depois logo mostro o resultado final.

Agora vou abrir uma garrafa de champagne.

(a título de curiosidade, fica aqui uma das músicas de Foge Foge Bandido que raramente me sai da cabeça e que serviu para fazer esta minha música sobre uma cidade:)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ponto de situação - volume II

Já lá vai muito tempo. Aliás, já lá vai demasiado tempo desde a última publicação. A onda criativa tirou um mês de férias e parece que vai voltando aos poucos. Parece que toda azáfama de exames, trabalhos e outras responsabilidades deixaram a máquina criativa relativamente lesada, sendo que esta precisa agora de um pouco de fisioterapia para voltar ao seu estado de graça.

Aos poucos surgem novas melodias. Não deixei de ouvir música, portanto as fontes de inspiração ainda se mantêm activas. Mas ainda não arranjei temas interessantes sobre os quais possa escrever letras. Por um lado quero afastar-me de letras com incidência na crítica social, muito por culpa dos Deolinda, que recentemente apresentaram uma música dessas características, música essa que é capaz de roçar a perfeição. Não me apetecia muito "sujar" esse tema, até porque acho que não tenho muito jeito para escrever letras de intervenção. Por isso terei de me virar para histórias banais e carroceis sentimentais. Mas são muito escassas as ideias que me surgem. Muito mesmo.

Ao escrever este post não tenho como objectivo falar de um tema em especial, isto porque ainda me faltam ideias interessantes e capacidade para as desenvolver. Simplesmente serve como uma espécie de ponto de situação da minha actividade musical.

Momento musical aqui no blogue, uma música que "descobri" há pouco tempo. Cantada por Milton Nascimento no álbum "Minas", aqui interpretada pelo autor da música, Toninho Horta. "Beijo Partido"