quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Retirar o pó de cima de uma velha arca


Se alguém, num remoto canto de Portugal, ou até mesmo num remoto canto deste nosso Mundo, ainda continua a ler este blogue, ou ainda tem este blogue nos favoritos, fiquem sabendo que este é o estado actual da minha música, ao fim de um ano desde a última publicação:



Rápida pesquisa no Google ou no Facebook. Mundopardo. Se tiver tempo e paciência voltarei a este espaço para divulgar mais sobre esta nova aventura musical, provavelmente uma das maiores e mais interessantes aventuras da minha até agora curta vida.



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"Ser Ou Não Ser"

Cá está um exemplo de uma música que foi feita há coisa de meses, mas que entretanto já ficou parcialmente esquecida. Não tenho pena porque a música até nem estava nada de especial. O poema acaba por ser escrito em torno de um dos tais temas cliché, no entanto não posso dizer que seja sobre mim. Acaba por ser mais um jogo fonético do que um retrato pessoal.


Sou segredo já gritado,
Cansaço estimulado,
A letra já falhada outra vez.
Três semanas sem prazer
Sou o querer sem ter poder
Sou loucura disfarçada.
Sou a folha de jornal
O mês já nem sei qual.
Sou moda de outra moda.
Sou chinês, um tailandês francês
Faço de conta que sou qualquer coisa
E outra coisa era coisa para eu ser.

Sou fortuna de plebeu,
Ateu na cruz morreu,
A cola já queimada do Sol.
Sim, eu sou bem vigarista,
Artista um pouco autista
Sem reconhecimento.
Sou a cura da doença,
Da que já ninguém pensa,
Sou merda inflacionada.
Sou burguês, nascido camponês
Faço de conta que sou qualquer coisa
E outra coisa era coisa para eu ser.

Não vejo mal, em querer ser algo quando se é ninguém.
Pois outra coisa era coisa para eu ser.

18/02/2012

A dificuldade de escrever uma letra

Foram várias as vezes que me lamentei por andar criativamente estéril, e foram várias as desculpas que arranjei para justificar a minha falta de ideias. Após vários meses de paragem aqui no blogue, o discurso volta a ser o mesmo. Se bem que não me posso queixar de todo. Isto porque têm aparecido algumas músicas nos últimos meses, umas que são aproveitadas, outras que entretanto já foram esquecidas. No entanto, regra geral, surgem sempre mais melodias que letras. As melodias saem-me quase de forma natural, o conjugar de sons não constitui um desafio demasiado complexo. Agora quando chega a hora de escrever uma letra, as dificuldades surgem.

Eu sempre gostei de escrever sobre personagens fictícias. Criar uma pequena história contada nalgumas estrofes, onde se mistura realidade com ficção. Digo isto porque, por mais que me tente afastar das minhas vivências enquanto escrevo, estas acabam sempre por servir de inspiração. No entanto evito que eu seja a personagem principal. A escrita é muito influenciada por momentos, por situações que estão mais frescas na memória. Escrever exclusivamente sobre mim acaba por tornar a canção efémera, além de que quando tentei escrever sobre mim a coisa não deu bom resultado, porque o que surge quase de imediato nos versos são os problemas por resolver, os defeitos, os amores e desamores. E essa é uma linha de pensamento que não me agrada de todo. Para a evitar comecei a pensar ao contrário, imaginar situações absurdas, criar personagens desconhecidas e mosaicos segundo aquilo que observava no dia a dia. Há sempre um pouco de mim nestas histórias, mas sempre privilegiando a ficção. Há alguns meses que encontro muitas dificuldades em pôr este plano em prática. As letras parecem ser algo repetitivas, os problemas abordados são sempre os mesmos. Ou é algo sobre a crise, ou sobre alguém que está longe, ou sobre indefinição de futuro... Enfim, vai tudo dar ao saco dos problemas pessoais. Exactamente aquilo sobre o qual não gosto de escrever.

Preciso de algo que me desbloqueie criativamente. Por exemplo, preciso de ver um filme que me dê uma mão cheia de ideias, onde consiga tirar ideias para uma personagem ou um ambiente para uma pequena história. Não um filme para plagiar, mas sim um filme para me dar um empurrão ou um murro no estômago, ou ambos. Reza a lenda (não é uma lenda, acaba até por ser bem real, mas quando se fala em "lendas" tudo ganha uma nova dimensão), que em meados da década de 60, Milton Nascimento conheceu Márcio Borges em Belo Horizonte, onde ser tornaram grandes amigos. Na altura Milton era dactilógrafo e tinha uma pequena banda da noite chamada Berimbau Trio. Márcio Borges acabou por ser um dos principais responsáveis pela formação de Milton Nascimento como músico e compositor. Certa noite, Milton e Márcio juntaram-se a ver Jules et Jim, filme de François Truffaut (diz-se que o viram umas 3 vezes de seguida). Nessa mesma noite surgiram 3 músicas: "Crença", "Gira-Girou" e "Paz do Amor que Vem (Novena)". Desde esse dia, a vida de Milton Nascimento nunca mais foi a mesma...

Em suma, também eu preciso do meu Jules et Jim neste momento (o filme é brilhante, mas não me deu para compor 3 músicas de seguida). Também eu preciso de encontrar uma fonte de inspiração que me leve a escrever sobre algo novo. O índice de leitura e pesquisa sobre diversos temas até tem sido maior do que no passado. Falta mesmo ligar o interruptor.

Fica então "Crença", resultado da reunião de Márcio e Milton pós Jules et Jim.


sábado, 25 de agosto de 2012

Assim se faz a reabertura deste espaço

Já lá vai quase um ano desde a minha última publicação por aqui. Aquele que era o meu diário sobre o processo criativo e afins que mais tempo consegui aguentar (nem os meus cadernos de brainstorming duraram tanto) fez uma paragem de 11 meses, fruto das mudanças de rotina às quais fui sujeito. Deixei de ser um mero estudante universitário, com mais do que tempo livre para compor e descompor, para passar a ser um trabalhador das 9h às 19h com pouco tempo para escrever uma quadra. Não digo com isto que deixei de fazer canções. Elas continuam a surgir mas a um ritmo mais lento e mais sofrido, mas o processo continua a agradar-me, bem como o resultado final.

Muita coisa mudou num ano. Não só a nível pessoal e profissional. O espaço que me rodeia sofreu alterações profundas desde a última entrada no blog. E as notícias que fizeram capa de jornal no dia de hoje foram o catalisador para uma nova corrente de textos (desta vez prometo mesmo que as publicações vão ser mais regulares). Ou não fosse o encerramento da RTP 2 e o mais que provável encerramento da Antena 3 o prenúncio de morte para os novos valores da música portuguesa, que têm sido muitos nestes últimos meses (basta ouvir o programa do Rui Estevão ao final da tarde para perceber que anda muita gente a criar por aí). 

Mas comecemos pela RTP 2. Não vou ser hipócrita e dizer que a RTP 2 preenchia os meus serões. Os canais por cabo oferecem uma maior variedade de temáticas, passando a RTP 2 quase sempre para segundo plano. Gosto do canal e de muitos dos programas que por lá rodam, mas desafio todos vós a fazerem um exercício mental e pensarem quantas horas por dia gastam a assistir ao mesmo. Isto porque a onda de descontentamento que se levantou após a decisão do governo tem envergadura para afundar a Indonésia, mas duvido que a maioria dos indignados assista semanalmente ao Câmara Clara, ou que depois do almoço acompanhe o Sociedade Civil, ou o Desporto 2 ao Domingo (onde passa tudo menos futebol). Acredito que a maioria apenas se recorde que por lá passaram programas que metiam pastéis de nata e um outro que começava antes da meia-noite. Falar mal é fácil, mas é importante pensar antes de começar a argumentar ao acaso. O Estado oferecia um serviço culturalmente rico a uma população culturalmente ignorante e desinteressada. A minoria que assite à RTP 2 (e eu admito, tentei fazer parte dessa minoria mas não consegui, pelo menos a tempo inteiro) acaba por sair prejudicada, porque perde o serviço televisivo com maior qualidade, arriscando-se a que a oferta em horário nobre sejam novelas, tourada e reality shows, e tendo assim de se virar para os canais por cabo. Ao povo não fará grande diferença o fim da RTP 2, porque o povo gosta de programas com audiências, e as audiências nunca estiveram sintonizadas no posto 2 (peço desculpa por usar de forma depreciativa a palavra "povo", mas é a melhor definição que encontro para o grosso da população portuguesa). As crianças vão ficar sem o Zig-Zag, mas também qual é a criança que hoje em dia troca uma sessão de Playstation por desenhos animados? Vamos ficar sem o Câmara Clara, mas também quem é que quer saber quem é o novo nome da pintura ou quem quer debater a influência de Dickens na literatura contemporânea? O que se quer sim é saber quem ganha o concurso de talentos ou quem fica até ao fim numa casa recheada de malta sem talento nenhum. Antes havia um ditador que queria manter a população ignorante, agora é a população que se empenha para ser ignorante. E quando por fim acabam com um serviço que ninguém utilizava, toda a gente vem reclamar. É Portugal no seu estado normal.

O fim da Antena 3 acaba por ser o fim da nova música portuguesa. E tendo este argumento como base o cenário será demasiado negro para se poder imaginar. Da Antena 3 sou ouvinte assíduo, todos os dias me acompanha no carro, e muito boa música descobri ao som daquela que ainda é a melhor rádio nacional. Fruto não sei bem do quê, nos últimos meses a qualidade tem descido. Basta ter a experiência de acordar a ouvir Katy Perry (na Antena 3? Como é possível?) para se poder concluir isso. Por outro lado, outros programas mantêm a sua qualidade, muito graças a quem os conduz. Nenhum deles irá com certeza ler este texto, mas se isto for o fim, quero deixar já os meu profundo agradecimento à Mónica Mendes, ao Nuno Calado, ao Álvaro Costa, ao Miguel Quintão, ao Pedro Costa, ao José Paulo Alcobia (entre outros) por tudo aquilo que me ensinaram. A Antena 3 moldou profundamente o meu gosto musical, mostrou-me influências e registos que desconhecia, contribuiu em muito para que hoje seja este pseudo-músico. O fim da Antena 3 é o fim de muitos dos novos cantautores que querem mostrar trabalho, é o fim da música portuguesa, é o fim de uma juventude musicalmente culta. 

O encerramento da RTP2 e da Antena 3 é o afirmar de que vivemos a pior crise da história do nosso país (perder um Rei em África é capaz de ter sido bem pior, mas isso agora não interessa muito). Se acabar com a cultura no nosso país é a melhor forma de se poupar dinheiro, então seremos um bando de acéfalos de bolsos cheios. E depois será quase impossível voltar a ser o país culturalmente rico de hoje, mesmo de bolsos cheios. Que bom que será viver em Portugal.

Que este fim seja o recomeço deste espaço. Esta tragédia (não há outra definição) fez-me reacender a vontade de escrever, de compor, de divulgar, num país onde esses verbos serão algo raros. Não termino este texto sem partilhar uma música de um dos meus álbuns favoritos, e que até se enquadra minimamente no tema. Cumprimentos e até breve.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nota informativa

É só para dizer que estou vivo. O concerto de dia 24 de Julho correu muito bem, as críticas foram muito positivas. Obrigado a todos os que estiveram presentes. No dia 10 de Setembro também tive uma pequena aparição e a coisa também correu bem. Portanto tenho andado minimamente em actividade. Também ando a fazer novas músicas.

Em breve coloco os vídeos do primeiro concerto. Não tenho tido tempo para tratar disso.

Novas publicações virão daqui a algum tempo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Primeiro


Nascido em Faro há 23 anos, Ricardo Silva é um vulgar estudante universitário e futuro farmacêutico que se diverte a contar histórias banais em acordes de guitarra. Na solidão do seu quarto vai rabiscando melodias e textos para consumo próprio. Mas timidamente estas têm vindo a espalhar-se por outros lugares.

Ricardo Silva não nasceu numa família de músicos, mas a paixão pela música aprendeu a gatinhar consigo. Nas velhas cassetes áudio guarda as suas primeiras influências, que ainda hoje se manifestam espontaneamente em cada processo criativo. Nunca estudou música convenientemente. O que sabe foi aprendendo aqui e ali ao longo destes últimos 8 anos.

Há 2 anos sentiu necessidade de criar o seu próprio material. Sem experiência na área da escrita e da composição, foi aos poucos brincando com as palavras e os sons, aprendendo a conjuga-los a seu gosto. Deste processo nasceram canções que são o cenário de diferentes personagens e experiências.

É difícil definir um estilo ou uma influência base para as suas músicas. De Milton Nascimento a Rui Veloso, passando por Chico Buarque ou Manuel Cruz, são muito diferentes os músicos que o vão inspirando a cada verso e a cada acorde.

Ricardo Silva não se considera um músico, preferindo o rótulo de aspirante a cantautor. Um desconhecido amante de música que tem prazer em compor. Tão desconhecido que não arranjou ninguém que não ele para escrever este texto. Mas isso não tem importância.

Ricardo Silva apresenta pela primeira vez as suas canções no dia 24 Julho pelas 22h no Pátio B@r em Faro

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Uma antes de dormir

Já foram várias as vezes que este senhor foi aqui mencionado. Mas nunca é demais falar do meu guitarrista favorito.

Mais uma vez um vídeo do seu projecto a solo, The Nightwatchman. Continuo a ficar deliciado com o poder que apenas um homem e uma guitarra conseguem ter.


Para os mais interessados visitem: http://nightwatchmanmusic.com/