quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Passeio

Procurei com este poema fazer uma pequena brincadeira, mantendo a métrica dos versos sempre constante, e terminar sempre os versos com uma palavra esdrúxula. Depois o objectivo foi criar uma espécie de ciclo e jogo de palavras. Esta ideia surgiu depois de ouvir pela milésima vez a música "Construção" de Chico Buarque. O poema do Chico é escrito neste padrão. É um poema fantástico. Obviamente que não o tentei copiar, porque eu nem tenho um centésimo do talento e genialidade de Chico Buarque. Tentei apenas brincar um pouco com esta "regra" que ele criou, e o resultado até ficou engraçadinho. O poema não é muito grande, e provavelmente não dará música nenhuma.
O tema do poema? Bem, eu vejo-o como um poema de amor, falando de que forma este pode subsistir até nos lugares mais estranhos. "O Passeio" é então uma jornada por esses lugares, na tentativa de explicar o inexplicável do amor.

O Passeio

Procurei-te perto do túmulo,
Nesse lugar tão belo, o túmulo.
Tão vivo, simplesmente único,
Decorado com tons de ébano.

E chegaste, em presença ávida,
Caminhando pelo chão húmido,
Decorado com tons de pálido,
Esse lugar tão belo, o túmulo.

Caminhando pelo chão pútrido,
Encontrei-te perto da árvore.
Na planície, decerto a última
Tão viva, simplesmente ávida.

Nesse lugar tão belo, o ébano,
Decorado com tons de túmulo,
Encontrei o nosso amor ético
Tão vivo, simplesmente único.

13/04/2010

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