quarta-feira, 30 de junho de 2010

Desabafo sobre pseudo-intelectuais, a típica conversa de café


Numa noite em que os textos que leio são esquecidos em fracções de segundo, talvez o melhor seja estimular a minha mente algo adoecida com um pouco de escrita. Não que o tempo seja muito, mas a vontade de o fazer ultrapassa esses limites.

No outro dia, numa esplanada de café, dei por mim a pensar nas restantes pessoas que completavam aquele espaço. Diferentes aparências, motivações, diferentes bebidas que tomavam, diferentes sorrisos, diferentes olhares. Dei por mim a pensar nas inúmeras pessoas interessantes que poderiam ali se encontrar. Dei por mim a renegar os pseudo-intelectuais, aqueles indivíduos que passam horas a falar sobre meras banalidades, adornando a sua conversa com vocabulário e teorias rebuscadas, envolvendo-a num invólucro bonito, mas de conteúdo débil. Não quero ser um pseudo-intelectual. Apesar de me cativarem algumas pessoas que se encontram por alguns cafés aqui da zona, a vida de café é carregada por esta onda de cultura de bolso. Eu, por outro lado, tento apenas falar daquilo que sei e aprender coisas novas com os outros. Isto pode ser uma teoria sem qualquer sentido, mas acreditem, há muita gente assim. Como por exemplo, no final de um concerto de B Fachada em Portimão, um indivíduo (que nem conhecia bem a sua música) falou com ele sobre... não sei bem o quê. Saiam da sua boca frases como "... Lisboa é uma cidade com a qual partilho uma relação amor ódio..." ou "... as ondas criativas dos lados do Tejo...". Enfim, meras banalidades, mas que à vista desarmada parecem teorias bem profundas.

E este é um problema social grave: estamos rodeados de gente com a mania que sabe muito. Não aquele "chico-expertismo" montanheiro, que existe desde sempre, mas sim aquele pseudo-intelectualismo que lhes confere um aparente status quo elevado. Eu confesso, não sei muita coisa sobre muita coisa. Não sou um grande leitor ou apreciador de "boa" arte e escultura. Também não costumo ir a muitas peças de teatro, nem costumo ver sempre a RTP 2. Domino alguns temas, outros evito fingir que sei. Apesar de, à vista desarmada, este blog parecer obra de um pseudo-intelectual, a verdade é que tudo o que aqui escrevo é fruto daquilo que sinto e sei, e com isso não pretendo agradar a todos ou provar que tenho um intelecto avançado. Há que acabar com o pseudo-intelectualismo e elevar os verdadeiros intelectuais da nossa praça, que andam por aí esquecidos e não se deixam ver.

Gostava de ser um intelectual, mas até lá faço por ser uma pessoa normal. (e assim completo 30 posts no mês de Junho).

1 comentário:

  1. O pseudo intelectualismo é mal enraizado neste país. Neste e noutros, talvez.

    Adorei o blog.

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