Bom, enquanto tenho a memória fresca achei por bem falar um pouco do "Filme do Desassossego" de João Botelho. Tive o prazer de o ver há umas horas atrás aqui em Faro, numa sala cheia, com a presença do realizador e do actor principal Cláudio Silva. O filme é uma experiência cinematográfica totalmente diferente do habitual, textos de Bernardo Soares declamados por grandes actores, planos, luz e ambiente brilhantes e músicas fantásticas. O filme sublime mas que exige da capacidade de resistência de quem o assiste (isto na minha óptica). Se tiverem oportunidade vejam o filme.
Alguns momentos ficaram-me na retina: as músicas, como já referi, são fantásticas. Feitas a partir dos textos do Livro do Desassossego, com melodias originais. Os momentos musicais são brilhantes porque enquanto duram não existe nenhum desenrolar da acção. A música torna-se a peça principal desse momento, conferindo-lhes uma intensidade tremenda. Todos os momentos musicais são muito bons, cada um no seu contexto. O outro momento, e que para mim é o meu favorito, é a cena da Catarina Wallenstein. Uma cena de uma sensualidade fora de série. As palavras são ditas com uma intensidade impressionante. Uma grande prestação (pouco mais consigo dizer porque é difícil definir por palavras a beleza da cena.)
Fica então a minha crítica bastante incompleta mas repleta de intenção.
Foi também bom contar com a presença de João Botelho, que com algum humor contou alguns dos pormenores da rodagem e algumas das suas ideias. Foi sem dúvida uma noite bem passada.
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