domingo, 3 de outubro de 2010

Críticos para todos


Pensando bem, eu afinal não devo perceber nada de cinema. Senão vejamos:

Acabei há minutos de ver um filme turco chamado "Iklimler" (em português Climas), do realizador Nuri Bilge Ceylan. Este filme fez parte da selecção do Festival de Cannes de 2006, e até ganhou um prémio. Até aqui, tudo bem. Tudo indica que seja um filme interessante. E este assim o é. Um filme que não entra em argumentos absurdos. Uma história de amor pura e dura, tal como acontece na realidade. Excelente fotografia e boa banda sonora. Trabalho de actores, a meu ver, modesto. É um bom filme, mas nada que se diga genial.

O que me deixa intrigado são os comentários na parte de trás da caixa do DVD. Segundo alguns jornalistas de alguns jornais conhecidos, o filme é "Sensibilíssimo" e "Sem sombra de dúvidas o melhor filme do ano". Dão ainda uma classificação de 5 estrelas.

Eu, como membro do povo normal, devo discordar destas afirmações. Num ano em que "Volver", "Babel", "The Queen", "The Departed" ou "Pan's Labyrinth" brilharam, elogiar daquela forma "Iklimler" parece-me algo absurdo. Mas diz a minha experiência que este não é caso único. Estas pessoas iluminadas são capazes de mandar abaixo um filme como "Inception", aclamado por meio Mundo, minto, por nove décimos de Mundo. Para estes críticos, este filme simplesmente não é bom. Mas para 196,904 pessoas inscritas no IMDB este filme tem uma classificação de 9.1 em 10.

Afinal, quem está correcto? Possivelmente, ninguém. Os gostos são diferentes, é normal que surjam críticas diferentes. No entanto um bom crítico deveria ser imparcial. Se eu por exemplo contrato um benfiquista vendedor de sandes de coratos para comentar no meu jornal de desporto, é normal que não tenha as melhores análises. Assim sendo, se eu tenho um leque de críticos que só vêm cinema europeu, que quando eram crianças em vez de brincarem na rua com as outras crianças decoravam os nomes dos realizadores soviéticos que Vasco Granja ensinava, se em vez de irem ao cinema normal só viam filmes do Jaques Tati, também não vou ter opiniões imparciais. Se o Público tem na sua redacção um grupo de indivíduos cujas críticas diferem do resto da população do nosso país que aprecia cinema, então é porque algo não está bem.

Se preferem também comentar aquele filme francês que só passa na sala x numa qualquer esquina de Lisboa, em vez de comentarem aquilo que está em cartaz, por mim tudo bem. Agora façam-me um favor, comentem isso bem, e não me enganem como fizeram com o "Iklimler".

1 comentário:

  1. Daqui retenho que as sandes de coiratos te deixaram de água na boca..

    Aquele abraço!!


    NMO em terras de Robin Hood

    P.S.: continuo à espera do mail com as novidades..

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