segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quando as ideias faltam, inventam-se textos


Ando com falta de ideias para escrever aqui no blog. Por outro lado não tenho andado com falta de ideias para músicas. Ando com duas melodias sem letra ainda, mas já com alguns esboços mentais para que estas sujam o quanto antes.

Tenho também andado a mostrar as minhas músicas a mais pessoal e o feedback tem sido muito positivo. É certo que tenho apenas mostrado a pessoas que me conhecem, o que pode condicionar uma crítica mais negativa. Mas, por outro lado, acredito na sinceridade das pessoas. Portanto, e resumindo, muito obrigado pelo apoio mental.

Continuo também a escrever aquelas prosas relâmpago, que normalmente surgem quando não tenho nenhuma ideia para um tema e começo a escrever a partir do vazio. Assim surgiu, há coisa de cinco minutos, este texto de nome "Ao Rodar a Cabeça". É capaz de ter surgido devido a um pequeno trauma que tenho com puzzles. Aqui fica então:



"Num rápido rodar de cabeça, é fácil poder aperceber-me das constantes mudanças que vão acontecendo gradualmente à minha volta. Um rodar de cabeça, um gesto simples que transporta em si um conhecimento inerente não quantificável. Tudo aquilo que nos escapa à visão periférica torna-se perfeitamente perceptível.

Após esta diferente posição facial, os meus olhos começam a adaptar-se à nova paleta de cores que surge. Vou focando lentamente, sentindo algumas dificuldades ao início. Estas são ultrapassadas graças à minha vontade doentia de ver aquilo que outrora não via. E quando a imagem é focada e tudo se torna claro, fico abismado com aquilo que vejo. É inevitável não esconder o sorriso e pensar "consegui, consegui ver para além do plano." Tudo então é novo. As pessoas, as paisagens, os sentimentos. Num simples rodar de cabeça, uma complexa panóplia de acontecimentos surge à velocidade de uma qualquer aeronave de um filme de ficção científica dos anos 80. No entanto, é difícil para o meu cérebro assimilar tudo isto numa fracção de segundo. Leva algum tempo a ordenar as peças do puzzle. Primeiro há que colocar as peças dos mesmos tons em grupos separados, só depois se pode começar a montar a imagem.

Numa das peças desta minha nova visão vejo um rosto. Um rosto que já conhecia, mas que volta a surgir nesta minha nova posição facial. Haverá então factores que se repetem, apesar de ter orientado a minha visão de forma diferente? Após novo olhar atento, vejo que este rosto olha para mim de forma diferente. A sua expressão rejubila de intensidade emocional, alegria, tristeza, dúvidas e certezas. É impossível não achar esta peça interessante, na medida em que se destacou de todas as outras que aparentavam ter o mesmo tom. Fico então a observar a peça atentamente. As suas formas exactas são decoradas, e vou tentando desfigurar em que lugar esta pode ser encaixada. E enquanto decoro cada milímetro e cada curva da peça, o rosto nela contido não para de me impressionar. Surge uma obsessão por esta peça, que me vai corroendo lentamente.

"Não!"

Paro então a análise minuciosa que estava a fazer. Deixo a peça de parte e começo a encaixar as peças mais banais. O meu interesse doentio por aquele rosto e pelas formas da peça apodrece. Só assim vou conseguido montar as restantes peças do puzzle. Mas isto não quer dizer que dela me esqueça. Mas também sei que só no final deverei colocar esta peça, só quando todas as outras estiverem montadas. Pois só nesse momento poderei fazer parte da minha nova visão.

Volto a rodar a cabeça rapidamente. Um nova imagem surge. Novas paisagens, novas pessoas, novos vícios, novas emoções... e o mesmo rosto."

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