segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma espécie de errata

A incoerência de ideias neste blogue assusta-me demasiado. Só agora reparei que num mês a minha opinião mudou radicalmente. Basta conferir as duas publicações anteriores.

Mas se mudou foi porque existiram razões para isso, porque isto raramente acontece...

O som do passado


Tem havido pouco tempo para escrever aqui no blogue. Com a minha rotina a dar uma volta no último mês, hábitos antigos têm sido deixados para segundo plano, não por falta de vontade mas por falta de agenda (e pela 23ª vez repito esta desculpa. Tenho de ser muito mais criativo).

O último mês foi marcado por muitas mudanças. Todo este espírito revolucionário levou-me a querer ouvir mais José Mário Branco e começar a ensaiar um repertório de grandes temas da música ligeira portuguesa (se bem que ainda não comecei a fazer isso, e não preciso de usar a desculpa pela 24ª vez). É nestas alturas de dificuldades que o nosso saudosismo desperta e começamos a apreciar as grandes obras do passado, os momentos em que a música portuguesa era "grandiosa" dentro do seu pequenino habitat. Não vivi os anos imediatamente a seguir ao 25 de Abril (nasci nessa mesma data uns anos mais tarde), mas deixo-me levar pela música de intervenção que nessa altura se fez e que ainda hoje tem, provavelmente, os melhores poemas escritos. Já falei anteriormente deste tópico aqui no blogue, mas fruto dos tempos em que vivemos nunca é demais relembrar a música que era usada como arma. Hoje, infelizmente, o que fazemos é recordar, e não são criadas novas "armas" eficazes para o combate à adversidade. Porque músicas que ficam na moda porque a banda é da moda, ou porque manifestações que apesar da sua grandiosidade não atingem o objectivo devido, as armas do passado são relembradas. Não porque continuam a ser eficazes, mas porque já o foram. Hoje em dia parece que o fumo da queima de caixotes do lixo ou do bater das pedras nos capacetes de combatentes gera um som mais cativante do que o de uma guitarra e de uma voz. Mas Portugal felizmente/infelizmente ainda não conhece essa sonoridade.

Não sou comunista, mas verdade seja dita que as melhores músicas são escritas por músicos de esquerda. Se calhar por não ser de esquerda é que não consigo criar algo minimamente semelhante a essas tão invejadas "armas" do passado. Mas também tenho pena que os outros que conseguem hoje em dia escrever bons poemas não sejam interpretados da melhor forma. Enfim, estamos "à rasca" porque não estamos habituados a fazer de tudo para não estar "à rasca".

Fica então aqui uma dessas tais "armas" do passado que tanto falei. E como esta se encaixa nos dias de hoje.


P.S. E depois de ter escrito esta publicação, a gasolina voltou a aumentar 2 cêntimos.