quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Recomendação da noite

Há já algum tempo que não ouvia esta versão. A música é de Milton Nascimento, a voz de Maria Rita (quem sai aos seus não degenera). Com esta conjugação de factores, fica uma versão magnífica!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Resumo da Jornada

Ainda numa semana atípica com Recepção ao Caloiro um trabalho para apresentar Quinta (sim, parece impossível), as horas estão contadas e, muito provavelmente, só para a semana poderei voltar às gravações.

Antes de ir de viagem deixem algumas pistas de músicas gravadas, faltando nalgumas a parte vocal. A parte vocal é sempre algo complicado de gravar. É preciso ter bem estudados os momentos de maior entoação, e corrigir todas as dúvidas que existem quanto à métrica. Apesar de a letra ser feita após a melodia, onde muitas destas questões são logo pensadas, na hora de gravar a coisa pode não correr bem à primeira. Portanto perco sempre largos minutos a aperfeiçoar tudo.

Há uma pista que deixei gravada antes de ir de viagem e que me tem deixado bastante curioso quanto ao resultado final. Uma música de cariz romântico feita em cavaquinho cabo-verdiano. De forma propositada decidi escrever uma letra algo deprimente, sobre um amor platónico entre o sujeito poético e uma mulher que aparentemente este conhece bem, para uma melodia em cavaquinho, com uma sonoridade mais viva, diferente do usual. Creio que este contraste funcionou muito bem, mas preciso de gravar a música para perceber melhor se a minha voz e o cavaquinho conjugam bem. A título de curiosidade, a música chama-se "Platão cabe em 4 cordas". Um título estranho para uma ideia estranha.

Para finalizar, ando a pensar em criar um MySpace para divulgar as minhas músicas. No entanto queria primeiro registar tudo na Sociedade Portuguesa de Autores. Não tanto por ter medo que alguém as copie (no entanto, é uma hipótese que pode sempre acontecer), mas para me sentir um pouco mais músico. Portanto, assim que a maioria das músicas estiver gravada e registada, a divulgação pode começar sem problemas.

Até lá vou escrevendo sobre outras coisas.

Mortes prematuras parte I

Por vezes, em conversa com amigos, costuma surgir o seguinte tema: e se certos músicos não tivessem morrido tão cedo, será que teriam a mesma carga lendária? E depois são inúmeros os nomes que surgem, Kurt Cobain, Jimi Hendrix ou Ian Curtis.

Um outro músico que morreu prematuramente era portador da melhor voz que alguma vez ouvi na música chamada pop-rock. Além da fantástica voz, era um excelente compositor. Morreu afogado no rio Mississipi porque foi nadar à noite de botas (e possivelmente bêbado). As mortes das grandes lendas da música nunca são gloriosas, nem mesmo para Jeff Buckley.

domingo, 26 de setembro de 2010

Polanski, Aronosfsky e as mulheres


Numa altura em que ainda ando à procura do ritmo para voltar ao "trabalho", é normal que sejam escassas as reflexões e os poemas a publicar por aqui. Não significa que faltem temas para abordar, mas a forma de escrever sobre eles é que pode não ser a melhor. Mas vou arriscar.

Antes da minha viagem para o México andei a explorar dois filmes de Roman Polanski, "Rosemary's Baby" e "Repulsion". Os filmes têm muitas semelhanças entre si. Ambos têm como personagem principal uma mulher, obcecada e corrompida por diversas situações que vão surgindo. Dois filmes obscuros, obras primas do terror e suspense da década de 60. Decidi ver estes filmes porque ando extremamente curioso com o próximo filme de Darren Aronofsky "Black Swan", com Natalie Portman e Mila Kunis. Segundo a crítica, este filme recupera muito do ambiente dos dois filmes de Polanski que citei, tendo o ballet como pano de fundo. Este será, muito possivelmente, um dos principais candidatos ao Oscar de melhor filme.

Mas o que me fascina tanto nestes filmes? Mais uma vez a mulher como tema central. Mulheres de uma beleza imensa mas num contexto que pode ser verdadeiramente obscuro. Em "Repulsion", por exemplo, Polanski nunca se esquece de focar a beleza de Catherine Deneuve apesar de todo o ambiente sinistro e macabro que a rodeia. Funciona na perfeição em cinema, em filmes noir e nos grandes clássicos da segunda metade do século XX (em "Black Swan", no entanto, prevejo que aconteça algo semelhante, talvez superior).

A beleza que fascina o comum mortal mascara um cenário que todos nós receamos. Já são alguns os poemas que escrevi que bebem um pouco de filmes deste género, mas estes não atingem nada de sinistro. Apesar de ser um tema que me fascina, é algo distante daquilo que ando a escrever. Acho que já passei esta fase sinistra da escrita há algum tempo. No entanto, escrever sobre mulheres é aquilo que mais tenho feito.

Resumindo: os filmes do Polanski são fantásticos, e recomendo vivamente. Quanto a "Black Swan" estou ansioso por ver. Quanto à minha escrita, esta vai vivendo muito da minha paixão pelo cinema, e também pelas actrizes que o embelezam.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Experiência Americana

Se há coisa que não gosto é de playback e imitações. Na televisão portuguesa, os playbacks são infelizmente demasiado vulgares. Em qualquer programa da manhã, especiais de Verão ou de épocas festivas, é raro haver quem não o faça. Razões? É difícil montar som ao vivo para televisão, difícil e mais dispendioso. Logo o playback surge como opção muito válida. Além disso muitos cantam muito melhor assim, evitando alguns golpes nas suas carreiras.

As imitações também são algo ao qual não acho muita piada. Acho que tem um pouco a ver com o meu complexo relativamente ao Carnaval. Divertir-me a ver pessoas vestidas de ídolos da música em mil e um bares ou pelas ruas a ganhar dinheiro nunca foi uma actividade que praticasse.

No entanto, há um lugar no Mundo onde a conjugação destas duas actividades se torna perfeita. E quando algo atinge a perfeição, é impossível não se ficar de boca aberta. Um espaço que tive o prazer de frequentar na passada Quinta-feira, verdadeiramente impressionante. O "Coco Bongo", discoteca situada na Playa del Carmen, México, é um exemplo de que a perfeição é possível de se alcançar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"O Barco"


Há coisa de uns meses atrás fiz duas músicas sobre viagens solitárias. Este é o tema central do filme "O Lado Selvagem". Não posso no entanto dizer que me foquei exclusivamente no filme para escrever estas letras. Uma viagem destas é possivelmente o sonho de muitos, uma experiência que enriqueceria qualquer um de nós.

A primeira música, a que dei o nome de "Viagem - ida", relata um pouco as expectativas do sujeito poético quanto à sua viagem. A necessidade de estar longe de tudo e de todos, a percepção de que o caminho que pretendia seguir era seguro e a busca intensa pela sua identidade levavam a que o sujeito poético seguisse viagem. Este não pretendia que ninguém o procurasse, pois nem ele mesmo se tinha encontrado.

Na segunda música, "Viagem - volta", todas as crenças do sujeito poético foram abaladas. O medo de que o seu afastamento possa ter afectado aqueles que o amam leva a que este antecipe o seu regresso. A necessidade de estar com alguém sobrepõe-se à rotina da solidão.

No entanto estas duas músicas nunca atingiram aquilo que eu pretendia. A nível melódico não estão más, mas a conjugação com a letra não atingiu a força que era necessária. É bem provável que estas músicas permaneçam na gaveta.

Hoje a situação deste tema mudou. Tinha uma melodia muito simples e precisava de escrever uma letra. A melodia fazia-me lembrar o mar, não sei porque razão, e fiquei sempre com a ideia de que a letra deveria ter referências sobre o tópico. Surgiu então a letra "O Barco", a descrição de uma viagem perigosa de um indivíduo pelo oceano. Arriscando a sua vida, embarca numa viagem solitária num pequeno barco, em busca não se sabe bem do quê (o que é, na verdade, a busca que todos nós fazemos ao longo das nossas vidas).

Fiquei muito satisfeito com a letra, porque não tinha nenhumas expectativas de a conseguir escrever hoje, e por outro lado, porque transmite exactamente aquilo que pretendia. É uma letra que não revela a sua motivação directamente nas palavras, podendo ser interpretada de diferentes maneiras, o que a distingue das outras letras que tinha sobre viagens. Agora o próximo passo é gravá-la (esta não tenho dúvidas que será só voz e guitarra).

O Barco

Destruindo dias maus,
Ele vai seguindo são.
No seu barco cruza as naus
Que deixaram a nação.
Navegar sozinho é normal
Quando a rota pode ser fatal.

Com a vela remendada
E o casco já quebrado
Sobre a viagem não ensaiada
Ele nunca terá questionado
O sucesso da embarcação,
O oceano e sua dimensão.

Cresce uma nuvem cinzenta
Que anuncia tempestade.
Sem ter medo, o barco enfrenta
O momento da verdade.
E chegado à luz ele sorriu
Com a beleza do que viu.

Navegar sozinho é normal
Quando a rota pode ser fatal.

02/09/2010

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

E hoje recomendo um filme:

Midnight Cowboy é um filme brilhante. Realizado por John Schlesinger, datado de 1969, é possivelmente um dos melhores filmes que já vi. É um filme pesado e algo psicótico passado numa Nova York sem o brilho do costume. Uma história sobre solidão e amizade. Um filme altamente influente e que me deu algumas ideias.

É importante dizer que este filme na altura foi classificado de "X" (basicamente aquilo a que os americanos chamam a "para maiores de 18"), pelas cenas de consumo de drogas, prostituição e sexo. O que é certo é que foi o primeiro filme assim classificado a passar em horário nobre nos EUA (após edição) e a ganhar o Oscar de melhor filme em 1970.

Com filmes igualmente pesados e brilhantes que são feitos nos dias de hoje, porque é que a academia anda com tantos problemas em atribuir certos Oscares?


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Os Maiores!

Num blog que já dura alguns meses (incrivelmente), é igualmente incrível que ainda não tenha falado daquela que é a minha banda favorita.

É provável que as músicas que faço não tenham muito a ver com a música que os Pearl Jam fazem. Os recursos são outros, as vivências são outras. Mas a nível musical é provável que, irracionalmente, vá buscar uma ou outra passagem que tenha ouvido de uma qualquer música de Pearl Jam. Muito há a dizer sobre a melhor banda do Mundo, mas poucas são as boas palavras que consigo usar para explicar tudo. E este blog também não pretende ser um blog de crítica musical e de biografias. Quem conhece pouco (porque não conhecer acho que pode constituir crime) recomendo que comecem a ouvir cada álbum, do início ao fim. Apenas a título de curiosidade, o meu álbum favorito é o "Yield".

São uma inspiração e uma terapia. Há quem chame religião, e eu comungo dessa opinião.

A musica aqui recomendada chama-se "Hard To Imagine" e foi lançada no álbum "Lost Dogs", uma espécie de colectânea de lados B e material nunca antes lançado.

"Uma Vez"


Jorge Palma, apesar de todos os defeitos, é um músico e um poeta fantástico.

Este é o primeiro poema que não é meu a ser publicado aqui no blog. Simplesmente porque o adoro, e adoro a música. "Uma Vez" conjuga uma melodia fantástica com uma letra igualmente fantástica. Não vou tentar analisar a letra, deixando a cada um essa tarefa. Se tiverem oportunidade ouçam a música.

"Uma Vez"

Deixa cair
Aposto que não passa do chão
À devida distância
Uma queda pode ser apenas percussão

Deixa morrer
O gesto que começou mal
Depois vai ter tempo
De reconstruir a tua catedral

Uma vez
Era o rei e o bobo
Separaram-se até mais ver
Mas não deixaram de se corresponder
Uma vez
Era o belo e o monstro
Também eles fizeram planos
De nunca deixarem de se entender

Conheço alguém
De quem mal me consigo lembrar
Abençoado quem tem quem
De vez enquando o venha visitar

Na tua mão
Pressinto um futuro feliz
Tira o lápis da boca
E escreve o que a solidão te diz

Uma vez
Era o génio e o louco
Separaram-se até mais ver
Mas não deixaram de se corresponder
Uma vez
Era o choro e o riso
Também eles fizeram planos
De nunca deixarem de se entender

Novo mês, a mesma coisa


Apesar das ideias que vão sempre aparecendo para novas músicas, este não será um mês de grande evolução no que toca a gravações, não só pela temperatura insuportável que continua por estas bandas, mas também porque vou andar ocupado com outras coisas. Mas nunca se sabe o que pode acontecer.

Tenho uma melodia feita que precisa de uma boa letra. A melodia é bem simples, quatro ou cinco acordes. Existem músicas que são muito simples a nível melódico, e que à primeira audição parecem muito básicas. Com uma boa letra a música enriquece bastante, por mais banal que seja. É só pensarem no Bob Dylan e percebem exactamente do que estou a falar. No entanto eu não sou nenhum poeta, como costumo dizer, e a inspiração tem faltado, apesar de ter uma ou outra ideia para o tema. E se a ideia não está bem assente, a coisa pode não resultar.

Esse é um problema que por vezes acontece quando escrevo. Concretizar uma ideia é uma tarefa bastante complicada. Queremos por tudo no nosso poema, todas as emoções fortes que o tema implica, mas acabamos sempre por seguir uma estrada única. Isto pode ser comparado àqueles momentos em que vamos a pé para casa, a pensar em todas as coisas, e irracionalmente seguimos o caminho que fazemos há não sei quantos anos. Na escrita todos os nossos vícios estão em jogo, e quando nos deixamos levar demasiado eles aparecem todos. Os temas, os sentimentos, as palavras que se repetem sempre. Por isso é que nem sempre consigo escrever poemas que goste. Para o fazer tenho de estar consciente do tema que quero e colocar o mínimo de mim nesses versos. Tal como Pessoa dizia, tenho de fingir.

Espero então que nos próximos dias consiga escrever coisas novas que me agradem, e principalmente que esses poemas dêem músicas interessantes. As férias ainda continuam por mais umas semanas. Mas provavelmente serão os meses de trabalho universitário que trarão os melhores frutos musicais.